Por que motivo nossos amigos pós-graduandos são tão resistentes em sair de São Paulo? Você não acha que o Brasil precisa ser desbravado por mentes capazes para que centros de excelência também passem a existir fora dos grandes centros?
Duas questões em uma, e uma melhor que a outra.
Vamos à primeira: Por que motivo nossos amigos pós-graduandos são tão resistentes em sair de São Paulo?
Primeiramente é puro preconceito. Quando eu mencionava que havia passado no concurso na Fundação Universidade Federal de Rondônia o susto sempre era muito grande. O pessoal pensa, principalmente da Região Norte, como Americanos e Europeus pensam do Brasil como um todo, ou seja, que aqui só tem índio, mata e onça. Puro preconceito, falam sem conhecimento de causa, nunca vieram pra cá e falam essas bobagens. Pensam haver dificuldades de acesso à internet e temos sim, mas as mesmas dificuldades que eu encontrei em São Manuel-SP e até mesmo em Londrina-PR, mas que com certeza são contornáveis. Se não fosse contornável eu não teria condições de responder a essa questão no Formspring! E tantas outras bobagens que é puro folclore e puro preconceito com relação às regiões: Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Bem, a única coisa que não é preconceito ou folclore é a questão da distância. Sim, estamos longe de mais das capitais, cerca de 3025 Km entre Porto Velho e São Paulo e sabemos que os eventos ocorrem no eixo São Paulo - Porto Alegre - Rio de Janeiro e Belo Horizonte, esse seria o eixo de acontecimentos acadêmicos. Esse sim é um problema, contudo profundamente contornável. Afinal se as mentes pensantes desbravássem nossas regiões, logo teríamos eventos tão bons e de repercusão que eles que teriam que vir até nós.
Só para ter uma ideia, o pessoal hoje que discute Ética e Bioética terá que voltar seus olhos para a Região Norte, afinal discutir bioética no ambito da biotecnologia não pode desprezar a região amazônica.
Outra coisa, eu que vim a tão pouco tempo pra cá já estou criando o Centro de Epistemologia Genética da Região Amazônica - CEGRA, que com certeza será, em médio prazo, um centro de referência de estudos piagetianos no Brasil, assim como hoje temos o GEPEGE em Marília e o NEEGE em Porto Alegre.
Quanto à segunda pergunta: Você não acha que o Brasil precisa ser desbravado por mentes capazes para que centros de excelência também passem a existir fora dos grandes centros?
É óbvio que precisa, e isso acaba tendo os mesmos argumentos da primeira pergunta. O que falta é que se quebre o prconceito existente, de se pensar que só em São Paulo/Rio é que as coisas acontecem, não, não é por ai. As coisas acontecem onde nós fazemos as coisas acontecerem. Temos plenas condinções de fazer as coisas acontecerem nas regiões mais distantes o que falta é força de vontade e quebra do preconceito. Acredito tanto nisso que estou investindo meu tempo e energia na criação do CEGRA (como disse acima!!)
Enfim, infelzimente mentes capazes ainda podem ser preconceituosas e não conseguem deixar de enxergar apenas crise e problemas, sem ver que onde existe crise e problemas é onde existe oportunidade de construção. De podermos realizar, por nós mesmos, o que achamos que é bom e não ficar na dependência dos chamados grandes centros para que participemos do que eles promovem. Temos que deixar essa mentalidade tacanha de lado e entender que se queremos que algo de bom aconteça nós é que devemos fazer acontecer, estando em regiões distantes ou nos grandes centros.
4 comentários:
O senhor está certo, o preconceito nada mais é do que a critica daquilo que não conhecemos, e se não conhecemos, não podemos falar mal, então vira um erro. Ousadia tem que ser a marca dos grandes, pois se não tivermos a ousadia de tentar, nunca, nunca vamos descobrir o tesouro que está guardado nos lugares que poucos olham. Parabéns!
"Enfim, infelizmente mentes capazes ainda podem ser preconceituosas e não conseguem deixar de enxergar apenas crise e problemas, sem ver que onde existe crise e problemas é onde existe oportunidade de construção. "
Esse trecho me fez mudar muito o meu pondo de vista. Sim falo mal da cidade onde nasci, mas não é por não conhecê-la e nem por não ama-lá,ao contrário, amo essa terrinha e a conheço bem, e as críticas são sempre construtivas, quero ver essa cidade mudar,crescer, e virar uma grande capital, impossível? Não.
Gostei do texto e vivenciei isso a pouco tempo, estou em PVH a 4 meses, vim de São Paulo, deixando pra trás familia, amigos, enfim, tudo.
E não tinha a menor ideia do que encontrar aqui, a não ser a vontade de conhecer esta região.
Pra minha grata surpresa a cidade é maravilhosa, encontrei pessoas como você, e toda infra estrutura que fazem de Porto Velho um lugar maravilhoso pra se estar e viver.
Concordo com você também Vicente. Eu sempre falo que a cara do grande centro apenas olha para o próprio umbigo. Talvez falte neles o espírito empreendedor que falávamos outro dia. As pessoas falam muito que estamos longe dos grandes centros do nosso país, mas não olham o quanto estamos próximos de outras realidades.
Realidades estas que podem nos ser de grande serventia.
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