terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Por que as regiões: Norte, Nordeste ou Centro-Oeste!?!

Por que motivo nossos amigos pós-graduandos são tão resistentes em sair de São Paulo? Você não acha que o Brasil precisa ser desbravado por mentes capazes para que centros de excelência também passem a existir fora dos grandes centros?

Duas questões em uma, e uma melhor que a outra.

Vamos à primeira: Por que motivo nossos amigos pós-graduandos são tão resistentes em sair de São Paulo?

Primeiramente é puro preconceito. Quando eu mencionava que havia passado no concurso na Fundação Universidade Federal de Rondônia o susto sempre era muito grande. O pessoal pensa, principalmente da Região Norte, como Americanos e Europeus pensam do Brasil como um todo, ou seja, que aqui só tem índio, mata e onça. Puro preconceito, falam sem conhecimento de causa, nunca vieram pra cá e falam essas bobagens. Pensam haver dificuldades de acesso à internet e temos sim, mas as mesmas dificuldades que eu encontrei em São Manuel-SP e até mesmo em Londrina-PR, mas que com certeza são contornáveis. Se não fosse contornável eu não teria condições de responder a essa questão no Formspring! E tantas outras bobagens que é puro folclore e puro preconceito com relação às regiões: Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Bem, a única coisa que não é preconceito ou folclore é a questão da distância. Sim, estamos longe de mais das capitais, cerca de 3025 Km entre Porto Velho e São Paulo e sabemos que os eventos ocorrem no eixo São Paulo - Porto Alegre - Rio de Janeiro e Belo Horizonte, esse seria o eixo de acontecimentos acadêmicos. Esse sim é um problema, contudo profundamente contornável. Afinal se as mentes pensantes desbravássem nossas regiões, logo teríamos eventos tão bons e de repercusão que eles que teriam que vir até nós.

Só para ter uma ideia, o pessoal hoje que discute Ética e Bioética terá que voltar seus olhos para a Região Norte, afinal discutir bioética no ambito da biotecnologia não pode desprezar a região amazônica.

Outra coisa, eu que vim a tão pouco tempo pra cá já estou criando o Centro de Epistemologia Genética da Região Amazônica - CEGRA, que com certeza será, em médio prazo, um centro de referência de estudos piagetianos no Brasil, assim como hoje temos o GEPEGE em Marília e o NEEGE em Porto Alegre.

Quanto à segunda pergunta: Você não acha que o Brasil precisa ser desbravado por mentes capazes para que centros de excelência também passem a existir fora dos grandes centros?

É óbvio que precisa, e isso acaba tendo os mesmos argumentos da primeira pergunta. O que falta é que se quebre o prconceito existente, de se pensar que só em São Paulo/Rio é que as coisas acontecem, não, não é por ai. As coisas acontecem onde nós fazemos as coisas acontecerem. Temos plenas condinções de fazer as coisas acontecerem nas regiões mais distantes o que falta é força de vontade e quebra do preconceito. Acredito tanto nisso que estou investindo meu tempo e energia na criação do CEGRA (como disse acima!!)

Enfim, infelzimente mentes capazes ainda podem ser preconceituosas e não conseguem deixar de enxergar apenas crise e problemas, sem ver que onde existe crise e problemas é onde existe oportunidade de construção. De podermos realizar, por nós mesmos, o que achamos que é bom e não ficar na dependência dos chamados grandes centros para que participemos do que eles promovem. Temos que deixar essa mentalidade tacanha de lado e entender que se queremos que algo de bom aconteça nós é que devemos fazer acontecer, estando em regiões distantes ou nos grandes centros.

Pergunte-me algo!!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Por que Estudar Filosofia?

Vejamos, essa pergunta tem uma profundidade filosófica incrível, vamos ver se consigo dar conta!

De forma direta quem faz essa pergunta indiretamente já induziu a uma resposta, ou seja, estuda-se Filosofia para se conhecer a verdade! Eu diria que não é bem o caso. Mesmo porque a Filosofia é a arte de fazer perguntas e não de fornecer respostas. É claro que quanto melhor você faz suas perguntas a correção de sua resposta será, estatisticamente, maior.

Como tenho influência kantiana em minha formação, além,claro da grande influência piagetiana, eu diria que não se estuda filosofia para aprender a filosofia, mas se estuda filosofia para aprender a filosofar. Filosofar é uma atitude e não o acúmulo de conhecimentos. É uma ação diferenciada diante do mundo. Uma ação crítica diante das supostas "verdades" que nos são apresentadas diariamente. Por isso, o porquê estudar filosofia não é, pura e simplesmente, para conhecer a verdade, mas para saber perguntar, diante das "verdades" estabelecidas e, com isso ter uma atitude crítica.

Assim, conhecer a verdade não é o objetivo último da Filosofia, mas sim, preparar pessoas com uma atitude crítica. Pois não se aprende filosofia mas sim a Filosofar!

Tanto é assim, que diante da pergunta que pretende ser resposta a essa, ou seja, "Conhecer a verdade", a primeira coisa que o filósofo faz não é dizer que sim, que se estuda filosofia para se conhecer a verdade, mas devolve a pergunta: "o que é a verdade?". Essa é, talvez, a pergunta mais difícil a ser respondida, buscam resposta a ela a pelo menos 2500 anos, ou seja, a própria Filosofia nasce tentando responder a essa pergunta, várias possibilidades surgiram, mas nenhuma satisfez, pois sempre surge uma nova pergunta que coloca em cheque a resposta vigente.

Quanto ao valor da verdade, ou que ninguém lhe dá o devido valor... o grande problema ai é a absolutização de uma posição, ou seja, a imposição de uma "possibilidade de verdade" que deve ser aceita e seguida por todos indistintamente, mas quem disse que as coisas devem ser assim? Não há uma verdade absoluta, não há padrões absolutos que devem ser seguidos a risca por todos em todo lugar a qualquer tempo. Somos livres, autonomos e racionais e isso nos dá condições de agirmos por nós mesmos. No site http://unir.academia.edu/vicentemarcal tem um texto meu sobre o "Desenvolvimento Moral: Fim último do ser racional", em que, seguindo a argumentação kantiana, traço como nossa racionalidade chega à leis universais de conduta. Acredito que lá temos mais subsídios para entender todo esse processo. Pois o que é universal e necessário é a racionalidade e é ela que nos dá condições de estabelecermos a nós mesmos as leis que vamos seguir e isso é o que chamamos de autonomia!

A questão proposta é extremamente ampla e complexa, mas espero que nessas poucas palavras posso ter lançado luz na busca do esclarecimento!